Hoje é Domingo de Ramos. Um dia importante, carregado de simbolismo, memória e confronto espiritual. É o início da Semana Santa. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O Rei montado num jumentinho. Aclamado por ramos. Ovacionado por vozes.

Mas o que parecia ser uma caminhada para o trono, na verdade era uma jornada para a cruz.

E isso muda tudo.

🟡 A multidão que aplaude também é a multidão que apedreja
Quando Jesus entra em Jerusalém, o povo grita:
“Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor!”
Eles pediam salvação. Esperavam um libertador político, um guerreiro contra Roma. Mas Jesus veio com outro tipo de glória. Ele não empunhava espada — carregava compaixão. Não entrou com cavalos e exércitos — veio com mansidão.
E isso… decepcionou muita gente.

Dias depois, a mesma multidão grita: “Crucifica-o!”

Eles pediram um Salvador. Mas quando perceberam que Ele não se encaixava nas expectativas humanas… preferiram um assassino chamado Barrabás.

E aqui começa a primeira pergunta dessa reflexão:
O que temos pedido a Deus? E o que fazemos quando Ele responde de forma diferente do que imaginávamos?

🟣 Pedimos bênçãos. Rejeitamos processos.
Quantas vezes pedimos paciência… e Deus nos dá situações que exigem esperar?
Pedimos amor… e Ele nos coloca diante de pessoas difíceis?
Pedimos maturidade espiritual… e Ele permite momentos de silêncio para que a fé cresça?

O problema não está no que pedimos. Está em como reagimos quando o céu responde com algo que não esperávamos.

Jesus, no alto da cruz, responde à rejeição da multidão com um pedido:
“Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.”

Enquanto o povo pedia sangue, Jesus pedia perdão. Enquanto o mundo gritava por condenação, Jesus sussurrava redenção. Enquanto todos queriam ver morte, Ele estendia vida.

🧎‍♂️ Jesus também pediu
A oração de Jesus na cruz não é apenas uma frase bonita. É um clamor real, carregado de dor, compaixão e sacrifício. É o pedido de quem, mesmo sofrendo, pensa nos outros.

E aqui está uma verdade que precisa ser resgatada no meio da nossa espiritualidade imediatista:
Nem todo pedido é sobre ganhar. Muitos pedidos são sobre entregar.

Jesus nos ensinou isso. Ele pediu força no Getsêmani. Pediu perdão na cruz. E antes de morrer, entregou Seu espírito… com uma oração.
Ele não usou o poder para evitar a dor. Usou o amor para transformar a dor em propósito.

🔁 Pedir sem se contradizer
A multidão queria bênçãos. Mas rejeitou o abençoador.
Queria sinais. Mas rejeitou o caminho.
Queria verdade. Mas não suportou quando ela foi encarnada.

Infelizmente, muitos de nós ainda agem assim hoje.
Pedimos portas abertas, mas não queremos sair da zona de conforto.
Pedimos direção, mas não queremos entregar o volante.
Pedimos cura, mas não queremos obedecer o tratamento que Deus nos dá.

Será que temos sido como a multidão? Que no domingo grita “Hosana”, e na sexta clama “Crucifica”?

Ou será que temos aprendido a pedir como Jesus?
Mesmo sofrendo. Mesmo cansados. Mesmo incompreendidos.
Pedindo não apenas por nós, mas pelos outros.

🔥 Quando o pedir é maturidade, não carência
Tem orações que surgem do desespero. Mas há outras que brotam da fé madura. Aquela que pede, mas aceita. Que clama, mas confia. Que ora, mas se submete.

Jesus não pediu para sair da cruz.
Ele pediu que, através da cruz, o Pai perdoasse a todos que estavam à Sua volta.

Esse é o tipo de espiritualidade que precisamos resgatar:
A fé que pede, mas não exige. Que intercede, mas não manipula. Que espera, mas não negocia com Deus.

✋ O que temos feito com o que pedimos?
Se você pediu perdão… perdoe.
Se pediu paz… seja um pacificador.
Se pediu sabedoria… use com humildade.
Se pediu consolo… consolar é agora seu ministério.

O que recebemos do céu, nunca é só pra nós. É para repartir.
Jesus recebeu da parte de Deus a missão de reconciliar o mundo. E mesmo em dor, Ele pediu para que os injustos fossem perdoados.

Isso é graça. Isso é maturidade. Isso é evangelho.

🕊️ A fé que não muda conforme o humor da multidão
Neste Domingo de Ramos, fica o convite:

Que nossa fé não seja como a da multidão — barulhenta, instável, interesseira.
Mas como a de Cristo — firme, silenciosa, obediente, até o fim.

A fé verdadeira não depende do momento. Ela permanece mesmo quando o mundo não entende. Ela obedece, mesmo quando dói. Ela confia, mesmo quando sangra.

Reflita sobre o que você tem pedido a Deus.
Você quer transformação ou apenas alívio?
Você ora para que Deus mude as circunstâncias ou para que Ele te transforme nelas?
Você aceita processos ou se revolta quando o caminho é difícil?
Você continua crendo quando não entende?

Aprenda a pedir como Jesus.
Ore por aqueles que te ferem.
Interceda pelos que não entendem o que estão fazendo.
Ore como quem ama, não como quem exige.

O pedido que mudou tudo
“Pai, perdoa-lhes…”
Esse pedido ecoa até hoje.

Foi a partir dele que a cruz virou ponte. A condenação virou graça. A dor virou salvação.

Neste Domingo de Ramos, nossa oração é:
“Senhor, hoje eu não venho pedir nada… Venho apenas reconhecer que já recebi tudo: Recebi perdão quando merecia condenação. Recebi amor quando fui indiferente. Recebi salvação quando andava perdido. Mas ainda assim, eu clamo: Me ensina a pedir como Jesus pediu. Não só por mim… mas pelos outros. Não só bênçãos… mas perdão, misericórdia, compaixão. Que meu pedido neste domingo seja esse: Me faz mais parecido contigo. Amém. Deus abençoe a todos. Que a presença Dele acompanhe cada passo da sua semana.”

Porque o que pedimos, revela muito sobre quem somos.
E mais do que pedir bênçãos… queremos pedir o próprio Cristo.